Esta é uma cerimônia na qual, a pessoa recebe seu Deká ou sua Cuia como normalmente em nosso meio se diz. É o momento tão esperado pelo filho(a) de santo, como também pelo seu Orixá.
Após sete anos de iniciado e tendo cumprido todas as obrigações: de um ano, de três anos, e a de cinco anos de iniciado, o filho ou filha de santo, se recolhe para o recebimento de seus direitos sacerdotais. Em alguns casos, por vários motivos, a pessoa não passa os sete anos de obrigação, a esses chamamos de yaô-deka, porém recebem os mesmos fundamentos e são dignos do mesmo respeito que os demais ebames.
O deká é uma obrigação sem a qual uma pessoa não pode se dizer sacerdote ou sacerdotisa de Orixá, pois nela são entregues a ele, todos os fundamentos pertinentes para que possa exercer o sacerdócio.
Nesse período a pessoa, após passar pelos ebós de praxe, fica recolhida sete dias, e muitos fundamentos lhe são entregues. É o momento em que a pessoa deixa de ser yaô ou noviço. Mas algumas regras têm que ser obedecidas e muitos fatores devem ser analisados com calma pelo zelador que vai entregar os direitos de um determinado filho(a) de santo.
Uma das coisas que devem ser observadas é se aquele Santo traz para seu filho o que chamamos de “balaio de axé”, ou seja: o cargo para ser sacerdote ou sacerdotisa de Orixá. O fato de uma pessoa tomar a obrigação, não significa necessariamente que terá uma casa aberta, que poderá administrar um templo, somente poderá agir assim, se seu santo trouxe para ele o cargo.
Caso seja positivo, ou seja, seu Santo traz essa determinação de Orumilá, essa pessoa terá todo direito de abrir sua casa, de tocar festas, tirar yawô e realizar todos os atos pertinentes ao cargo para o qual terminou de ser consagrado.
Caso a pessoa não tenha o “balaio de axé” ele tomará sua obrigação de sete anos, porém, não será um sumo sacerdote ou sacerdotisa. Será um ebomi que permanecerá na casa de santo, auxiliando seu sacerdote em todos os fundamentos que acontecerem naquela casa. Isso não diminui sua importância dentro do Axé Orixá, de forma alguma. Ao contrário: essa pessoa deverá ser respeitada por todos daquela casa ou de outras, pois seu Santo traz para ele, outros cargos, outras missões, que são da mesma forma, imprescindíveis ao axé.
Se ele tem o “balaio de axé”, deverá receber seus direitos e com eles, em suas mãos, poderá abrir seu templo, observando que a pessoa que entregou os mesmos, é que deverá plantar todos os fundamentos, pois ninguém planta seu próprio axé, temos que ter uma pessoa para realizar os fundamentos, e justamente quem nos entregou nossos direitos é quem deve realizar os mesmos.
Depois de plantados os fundamentos, a casa, erguida com todos os cômodos necessários para abrigar as divindades, será realizada uma festa na qual aquele sacerdote anunciará ao público que aquela pessoa tem seu consentimento para seguir em frente governando o templo, durante toda sua vida.
Deve-se obervar que tudo dentro do Candomblé, obedece a uma rigorosa hierarquia e estas tem que ser respeitadas, pois é o baluarte da religião. E dentro dessa hierarquia toda, existem os cargos que cada Orixá traz muito antes do nascimento carnal daquela pessoa, e esses cargos tem que ser respeitados, pois ninguém é um zelador ou zeladora de santo tão somente porque deseja ser ou por achar bonito. Se não se tem aquele cargo, nem adianta tentar, pois, jamais terá bons êxitos em suas realizações.
Não basta tomar obrigação de sete anos, receber um jogo de búzios e sair se dizendo “pai” ou “mãe” de santo. Precisamos observar as regras e termos consciência de que temos ou não, determinado cargo, e acima de tudo buscar o respeito mútuo entre todos que fazem o Barracão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário